quarta-feira, 11 de setembro de 2019

domingo, 8 de setembro de 2019

Sobe ou desce

Músicos como Richard Clayderman às vezes me levam pra cima, às vezes pra baixo. Depende do andar que aperto pro elevador me levar.

domingo, 1 de setembro de 2019

Dizem que o homem precisa ter uma fé. Com as opções disponíveis no mercado, vejo que preciso ter outro café.

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Tussinâmi: assim disse o Nário

Ontem ouvi na rua alguém dizer “tussinâmi”. Imagino o seguinte:
Tussinâmi, s.m. - acesso de tosse incontrolável e que não cessa.

terça-feira, 20 de agosto de 2019

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

[Sem título]

Prédios, prédios, asfalto, asfalto, carros, carros, celulares, celulares. Claustrofobia sem paredes.

terça-feira, 13 de agosto de 2019

A curtíssima aventura de ANA GRAMA

Mesmo na iminência do PARTO, ainda limpava o PRATO com um TRAPO. Só iria OPTAR por abrir a PORTA para a TROPA porque escaparia do RAPTO montada numa POTRA; não havia porque não TOPAR. 

Fim

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Sonho

Esta noite, sonhei que estava acordado. Acordei e vi que estava sonhando.

quarta-feira, 31 de julho de 2019

Redes

Aí você está ouvindo suas músicas favoritas no SPOTIFY e faz uma postagem no FACEBOOK, compartilhando o link que chegou pra você no TWITTER, sobre um filme cujo trailler está no YOUTUBE, indicado por um amigo especialista no tema do filme, e ele está com uma foto no INSTAGRAM que o mostra recebendo o prêmio por um artigo que ele publicou no LINKEDIN. Vou contratar alguém pra desenvolver um app, o APPQP. Sigla e utilidade dispensam explicações.

terça-feira, 30 de julho de 2019

domingo, 28 de julho de 2019

Patrimônio

Meu maior patrimônio só pode ser tirado de mim com lobotomia ou Alzheimer.

quinta-feira, 11 de julho de 2019

Carta de um português a um ladrão

Prezado, antes que tu percas teu tempo entrando em minha casa, vão umas informações pertinentes.
Joias: chegaste tarde. Muito tarde. Antes que tu nasceste, a concorrência invadiu aqui e levou todas. A dona da casa nunca mais quis saber de outras.
TV: a nossa (é no singular mesmo) deve ser menor do que a tua. 4b em vez de 4K, 40 cm em vez de 40 polegadas. Com perdão do trocadilho, eu nem ligo...
Carro: considerando o tamanho e a idade, é equivalente a um Poodle quase cego e sem faro. Eu não gosto de dirigir, uso pouco, e talvez por isso ele tá dando mais trabalho do que até tu suportarias.
Outros veículos: quando eu era criança (iiihhhh!....), tive CNH categoria “bicicletas”. Faz tempo que não renovo.
Bichos: tu vais achar um huomo tentando ser sapiens e uma donna que vai deixar toda a tua grana em farmácias. Ambos alérgicos a pêlos.
Computador: o monitor tá mais pra Oliver Hardy do que pra Stan Laurel, se é que me entendes...
Celulares: os mais baratos que encontramos pra comprar. Em 2013.
Roupas: a maioria adquirida no Mercado Livre. Mas temos umas de grã-fino, claro. São uma pechincha no brechó daquela conhecida que traz coisas de Miami.
Apetrechos de copa e cozinha: achamo-nos velhos demais pra cozinhar. A aposentadoria felizmente permite que a gente almoce fora no “Deiz real com um pedaço de carne” e compre sopas congeladas. Então já foi praticamente tudo doado; alguns como presente de casamento, porque ainda estavam na caixa.
O que temos bastante são obras de arte, todas pinturas com tinta acrílica feitas pela dona da casa antes do Parkinson. Tentamos doar para um museu, mas não aceitaram. Quem sabe não ficam bem em tua galeria?
Abraço.

terça-feira, 25 de junho de 2019

Papel higiênico

Saudemos a invenção do papel higiênico. Ele é solução para todos os dias, para todas as semanas, para todos os meses e para todos os anos.

domingo, 23 de junho de 2019

Beethoven by Fara


Quadro pintado por minha mãe, D. Fara, em 1982. Merecem meu registro aqui, o gênio da música e a talentosa progenitora!

terça-feira, 18 de junho de 2019

É dose

Todo mundo morre um pouco todo dia. Mas embora sejam sempre 24 horas, a dosagem diária varia.

domingo, 9 de junho de 2019

quinta-feira, 30 de maio de 2019

Eremita

"Que saco, hoje é meu dia de lavar a louça", pensou o eremita.

terça-feira, 28 de maio de 2019

Matemarketing

Penso que conheci a internet no momento certo. Já tinha vivido uns bons 30 anos sem ela; talvez o suficiente pra agora poder fazer uma comparação "antes x depois".

Os muitos anos trabalhados na Comunicação dizem pra mim o seguinte: a net potencializou, na proporção do seu alcance, todas as faces do comportamento humano. Qual é essa proporção? Pense você, que tem mais de 50 anos, num esforço de meio minuto, com quantas pessoas tinha ou podia ter contato anual, mensal, semanal, diário, instantâneo, até meados dos anos 1990, sem um smartphone e sem a rede. E hoje...

Pois é. Isso é uma escala de potência matemática um tanto elevada, que foi transferida para a comunicação não apenas nos "bom dia" com quadradinhos floridos no Whatsapp e fotos no restaurante comemorando o aniversário com a família. Todo tipo de expressão humana está dimensionada assim - da troca de conhecimento entre os cientistas à mais baixa manifestação preconceituosa vinda de alguém que muitas vezes nem escrever direito sabe.

Derivado disso é o comportamento no mundo real, em vários níveis. No do cidadão comum, tão absorvidas estão as pessoas pela instantaneidade da informação que o que vejo é uma inversão: o que é concreto na forma está se tornando abstrato no valor. Você está ali, no centro da cidade, pronto pra atravessar a rua. Como o celular apita seguidas vezes e você "precisa" ver o que é, quase não se dá conta dos outros pedestres, do semáforo, dos carros. "Atropelado por um meme", poderá ser a manchete no dia seguinte.

Numa segunda esfera está a formação das tribos. Com esse índice de atenção dos cidadãos, é fácil arrebanhar seguidores para a tribo dos videogamers, a tribo dos cafeólatras, a tribo dos defensores dos pets, a tribo dos adoradores do Deus Dará ou dos apoiadores do político Narciso Spiegel (nomes fictícios e com uma ponta de ironia). E experimente posicionar-se contra; mesmo que você se entenda como neutro, será visto como inimigo.

O terceiro e mais inteligente nível é invisível (ou quase, porque sei de pelo menos uma meia dúzia que o enxerga): o dos que tiram proveito próprio dessa cega e sinistra fascinação coletiva. Por exemplo, agências como CIA, Interpol e FBI fazem a festa com o monumental banco de dados que se tornaram as redes sociais, onde as pessoas "entregam a rapadura" sobre a própria vida todo dia, a todo instante.

É nesse terceiro nível que está também a matemática do marketing atual. Virou uma baba para os profissionais e clientes grandões desse assunto, porque a quantidade substituiu a qualidade, que é coisa mais difícil de se conseguir. Todo povo tem de ir aonde o pseudo-artista está, ou o pseudo-político, o pseudo-guru, o pseudo-escritor, o pseudo-religioso, figuras rasas facilmente fabricadas, facilmente digeridas, consumidas e tornadas líderes de audiência e de arrecadação. E o povo vai mesmo - afinal, "se todo mundo segue ele (sic), também tenho que seguir". Sobre a autenticidade ou qualidade desses "heróis" é desnecessário (nenhuma novidade) pensar, refletir, estudar, questionar... Isso dá trabalho! Basta uma curtida, uma compartilhada, um "seguir este canal" e pronto - você é um cidadão que está na moda. A gente já viu que até eleições podem ser ganhas assim.

Mas como eu disse, é só para os grandões. Profissionais médios e pequenos suam sangue em busca de uma pepita nessa corrida do ouro virtual. Como é tudo em profusão - o número de profissionais, o de clientes que querem o lugar ao sol e o de variáveis douradas -, a trilha para o sucesso é uma incógnita; alcançá-lo pode acontecer até num acidente de percurso.

Previsões? O futuro não é comigo. Evito brincar de guru ou de otimista/pessimista - que são ambas mais ou menos a mesma coisa. Mas considerando que 1) a internet como essência não mudou nada desde que nasceu e 2) parece longe de ser extinta ou substituída, arrisco-me a dizer que temos um longo presente pela frente.

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Diferente, mas igual

É sabido que veículos automotores convergem em profusão para o núcleo central dos agrupamentos metropolitanos. Os dados estatísticos registrados apontam, em contrapartida, índices pífios quando a direção é alguma região periférica.
Tudo isso significa: "Vão mais carros pro centro do que pros bairros."

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Silêncio

O silêncio é a única música sem notas. A melodia está nas reflexões; a harmonia, no alívio e o ritmo, no descanso.

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Digital

Em vez de contar minha vida por uma quantidade enorme de fotos em redes sociais, bastam alguns poucos cafés em que escutem a minha voz e eu, as suas.
Em ver de ler "bom dia" em quadrinhos floridos ou de nascer do sol, quero ouvir, falar, abraçar e beijar no "bom dia" mesmo que embaixo de chuva - daquelas que molham mesmo.
Em vez de rir por "kkkkkk" ou caretinhas, quero escutar suas risadas e que riam dos meus gestos, entonações e olhares.
Em vez de fazer sexo por aplicativo, quero ser o aplicativo.
Em vez de dirigir, cuidar de carro, enfrentar gente mal-educada no trânsito, prefiro... Porra, a coisa que eu mais quero que seja digital, os caras ainda não inventaram!

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Fralda

Hoje cedo, chegou pra mim pelo Whatsapp o vídeo de um ator famoso, cujo nome não vi e tô com preguiça de pesquisar, que deve ter entre 60 e 70 anos. A essência do vídeo era: "Não gosto do Bolsonaro, mas não aceito que uma corja de ladrões o ponham de lado para continuar roubando indiscriminadamente. É antidemocrático."
Ontem, li o texto de um político do partido Novo que dizia que "Bolsonaro quer ignorar as instituições democráticas e governar como ditador".
O fato relevante nisso pra mim é: são passados cinco meses do governo Bolsonaro. Um governo que, a princípio, deverá ter 48 meses. Cinco em 48 são pouco mais de 10% e o que está em questão, o que é manchete nas mídias, é a governabilidade ou ingovernabilidade do país. De novo mais uma vez again, as questões práticas não aparecem, as manchetes que a gente do lado de cá quer ver não aparecem. Algumas das minhas favoritas seriam "Deputados entram com projeto para exterminar mordomias da classe políitica", "Brasil estuda plano de expansão da pesquisa científica", "Estradas de ferro começarão a invadir o país".
Para você que tem 20 anos de idade, é mais ou menos como se, no seu aniversário de dois anos, seus pais ainda estivessem discutindo algo como: "E aí, será que tá na hora de a gente começar a olhar a fralda?"

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Dedos

Antes da Internet, quando o assunto era exposição pública da própria vida, as pessoas eram normalmente cheias de dedos. Hoje, utilizam só um ou dois.

Bailes da vida antiga

“Todo artista tem de ir aonde o povo está”. Virou frase datada, S. Milton...

sábado, 11 de maio de 2019

Francês

Ultimamente minha vida está um tanto francesa. Ando blasé e achando tudo um déjà-vu. Um verdadeiro metideau-a-bestá.

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Egito antigo

O ser humano não consegue trazer para o próprio comportamento a evolução que leva para a tecnologia. Nesse ponto, continuamos na era dos faraós.

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Retórica

A política partidária é apenas a "sala da retórica" dos que verdadeiramente mandam no mundo.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

How to export all text from an INDESIGN file

This doubt has come to me today: "What if, for some special reason, I need just the text from an Indesign file? How to extract? Might I COPY and PASTE, one by one, the blocks of text to an editor like Word?"
For my happiness, I've found a way to save all the text in one file, in three simple steps.

1) Export the Indesign file as HTML.
2) Open it in Word or Libre Office Writer.
3) Save it as TXT. This third step will eliminate all eventual images. You must close it and open again to see this.

The disadvantage is that the text looses its formatting (fonts, sizes etc). But if the most important is to have the complete text in an unique file, this is a very fast solution.

Como exportar todo o texto de um arquivo de INDESIGN

Esta dúvida me ocorreu hoje: "E se eu, por alguma razão, precisar apenas do texto de um arquivo do Indesign? Como extrair? Teria que COPIAR e COLAR um por um os blocos de texto em um editor como Word?"
Pois é, felizmente descobri rapidamente uma solução que salva todo texto num arquivo só, em três passos simples.

1) Exportar o arquivo como HTML.
2) Abrir este no Word ou Libre Office Writer.
3) Salvar Como e escolher arquivo TXT. Este passo eliminará as imagens que porventura existam no arquivo, mas para ver isso é preciso ainda fechar e abrir de novo o TXT.

A desvantagem é que o texto perde a formatação (fontes, tamanhos, entrelinhas etc). Mas se o mais importante for ter rapidamente o texto todo em mãos num único arquivo, esta é uma ótima solução.

Weintraub

Poderia ser pior, se ele tivesse dito que comeu Kafka ontem no jantar.

segunda-feira, 6 de maio de 2019

Agulhas

Eu logo cedo imaginei que seriam agulhas. Mas não que seriam agulhas de ouro com ponta de diamante e, do outro lado, esculpida uma caravana de tuaregues, cujos camelos já passaram todos pelo buraco.

quarta-feira, 24 de abril de 2019

Alerta

Afirmo a todos com veemência que, para o bem inequívoco de nossas relações, é imprescindível que vocês passem a agir comigo a partir do seguinte princípio: não tenho a menor pretensão de mudar as suas vidas.

terça-feira, 23 de abril de 2019

Lápides (parte 1 de quantas vierem)

Escreveram no túmulo daquele zagueiro violento:
"Nós vamos sentir sua falta."

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Smart

O mundo já é das máquinas. Hoje temos muito mais smartphones do que smart people.

sábado, 20 de abril de 2019

Ano 2065. Diálogo entre baratas.

- Deixa eu contar… A humanidade já era.
- Como assim?
- Cabô. Num tem mais. Escafedeu-se.
- Sério? Mas cumé ki foi?
- Uma praga. Coisa antiga, que foi crescendo.
- A tal de AIDS?
- Não, essa aí já tinha sido controlada. Acharam um veneno pro vírus.
- Ah sei… Veneno, como os que mataram muitos de nossos antepassados.
- Isso. Aliás, não foi vírus, a causa.
- Então deve ter sido o tal de câncer. Sempre ouvi falar que era um tormento. Quando não aparecia num lugar, era em outro. Fígado, intestino, próstata, mama… Depois ia invadindo o resto. Até no sangue, o danado corria. Um atleta.
- Foi não. Deram um jeito: a tal da mutação genética.
- Essa moça foi quem descobriu a cura?
- Não, sô! Mutação não era ser humano, foi o nome que deram pra solução.
- Nomezinho feio… Gosto mais do que deram pra nós.
- E o nome da causa do fim deles também é mais bonitinho. Mas devastador. [4 segundos de silêncio]
- Falaaaaaaaaaa! Detesto esses teus suspenses.
- Ganância.
- Gabância?
- Não, ô surda! Gannnnnnância, com ennnnnnne. Se bem que até faz sentido. Muitos se gabavam dela.
- Cumé kié? Eles se gabavam de ter um distúrbio?
- Acredite se quiser…
- Bicho estranho, mesmo. Não me admira terem se acabado. Mas fala mais.
- Ganância é assim: você tem uma casa. Ela dá pra sua família, seu cônjuge e filhos. Mas você quer ter outra. E quando tem outra, quer ter uma terceira, e quarta…
- Já sei: o sujeito quer cedê-las pra abrigar outros semelhantes.
- Ahahhaahahah! Se fosse isso, lhe pareceria doença?
- É messsss…
- Até é pra abrigar, mas não de graça. Tem que dar um negócio em troca, o tal do dinheiro.
- Sei, sei… O que eles usam em tudo que é troca, né? Mas fazem uma confusão… Se você vai dum lugar pro outro, tem que trocar um dinheiro pelo outro pra depois trocar pelas coisas. E o que o tal dono das casas faz com o dinheiro que recebe?
- Troca por mais casas.
- Affff, que canseira! Dá preguiça imaginar o trabalho que deve dar manter tanta casa. Por isso que a nossa é abrigo popular, né? Ficamos onde tiver brecha. Fora que é chato, passar o tempo pensando em casa, casa, casa. Usamos o tempo com coisas mais divertidas. Ah, e se os outros humanos parassem de dar dinheiro em troca da casa?
- Ficavam sem casa. Ou ficavam sem roupa pra ter a casa, ou sem comida pra ter a casa.
- Sem piedade?
- Sem piedade.
- Um senso de comunidade assombroso. Mas como é que essa brincadeira de ter casa e não ter casa matou os humanos?
- Porque não era só com casa.
- Eita! O bicho era doido mesmo. Morreu foi de doidice.
- Era com tudo. Casa, carro, relógio, roupa.
- Essas coisas de que eu nunca precisei. A troco de quê, ter esse monte de coisa?
- Impunha respeito.
- Que estranho… Sujeito me põe pra fora de casa, e eu ainda o respeito. Qual a lógica disso?
- Não sei. O mais curioso é que ela valia pra todos. Se você sem casa estivesse no lugar do que tem um monte de casas, faria o mesmo.
- E de onde vinha tudo isso – casa, roupa, carro…?
- Aí que começaram a se ferrar mesmo. Como não eram desenvolvidos pra suportar frio demais, nem calor demais, nem andar nem nadar distâncias compridas, nem conseguiam voar, nem enxergar no escuro, nem comer certas coisas cruas, era preciso derrubar árvores, furar o chão, matar outros bichos pra resolver. Mas eles achavam graça em ter mais do que precisavam e até de competir entre eles por conta disso. Perderam o controle, não sabiam esperar a Natureza repôr o que usavam. Foram derrubando tudo. Fora que, em troca, eles ainda davam pra Natureza um tal de plástico. Esse trem não desmancha nunca!
- Plástico? Outro nome esquisito. De onde vinha isso, sô?
- De um monte de lugar. É um troço que eles inventaram e que você dá a forma que quiser pra ele. Então roupa tem plástico, carro tem plástico, casa tem plástico, lugar pra levar água tem plástico. Mas depois que não servia mais, porque às vezes quebra, às vezes deforma, às vezes eles só cansavam de usar mesmo, eles iam encostando em algum canto. Inclusive, jogavam no mar. Mataram muito peixe, golfinho, tartaruga, desse jeito.
- Deu no que deu. Por isso que a gente tá sozinha no mundo. Cê falou de não terem o corpo desenvolvido pra essas coisas, mas pelo jeito que fala, o menos desenvolvido deles era a cabeça.

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Aulas de canto

Aulas para vocalistas não podem ser em salas redondas, porque elas não têm canto.

domingo, 7 de abril de 2019

Pensamento próximo

A humanidade parece acreditar mais nos distantes conhecidos do que nos conhecidos distantes.

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Sobrescrever

Às vezes, escreve-se bem, mas é mau.
Em outras, escreve-se mal, mas é bom.

terça-feira, 2 de abril de 2019

Cenário

A respeito do atual cenário político brasileiro, pedem que eu dê minha opinião. Bom... Então vou falar de maneira franca, direta e sem rodeios: acho que a situação é isso aí mesmo que vocês estão pensando.

terça-feira, 26 de março de 2019

Dificuldade

Admiro nos outros a facilidade
que não tenho pra fazer poema.
Meu primeiro, imposto, foi problema:
prova da faculdade.

quinta-feira, 21 de março de 2019

Mesas redondas

Debates televisivos em futebol são uma aula de geometria: discute-se sobre um jogo praticado em área retangular, usando uma esfera. As triangulações são analisadas em mesas redondas por sujeitos quadrados.

Defeitos

"Zé, quais são os teus defeitos?"
"Ah, são vários. Mas o item número 1 dessa lista é ter uma enorme dificuldade para descrever do número 2 em diante."

quinta-feira, 7 de março de 2019

Nó horário

[mais um texto escrito com camisa de força]

Eis que uma amiga convida pra almoçar e pede sugestão de horário. Respondo: "Entre 11 pras 12 e 13 pras 14. Ou entre 11 e 12 e 13 e 14."
Vejam que são 2 casos de 2 + 2: 2 horas mais 2 minutos.

PS: Ela chegou dentro do combinado.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Tédio nível "Camisa de força"


Tá. Todo mundo deve ficar entediado de vez em quando. Mas às vezes eu tenho um tédio assim: penso na rotina de que todo dia tem 24 horas, alternando entre o dia e a noite, e os horários do dia e da noite são sempre os mesmos, e as semanas têm sempre sete dias, sempre com os mesmos nomes e na mesma sequência, e os meses nunca variam, e os anos também não, e as estações do ano também não, todos têm sempre o mesmo nome, sequência e duração. De quebra, em todo inverno é frio, e todo verão é calor, e todo outono e primavera são sempre passagens do verão pro inverno e do inverno pro verão, respectivamente.

Fazemos aniversário sempre no mesmo dia do mesmo mês, e eu escuto a vida inteira, sempre, de todo mundo, que ganho um presente só porque o meu é em 24 de dezembro, e eu sempre, pra todo mundo, digo que não, que ganhava dois quando era criança por uma questão de justiça do meu pai, afinal eu tenho irmão que não faz aniversário no mesmo dia que eu, e aí eu penso como seria bom fazer aniversário em dias diferentes pra variar, inclusive pra saber como seria não escutar essa pergunta.

E todo dia o café da manhã é no horário da manhã porque a manhã nunca muda de horário, e o almoço é sempre depois do café da manhã, e se eu tomar o café depois do almoço, o almoço é que foi café da manhã e este é que foi almoço; isso porque eu não tô falando do jantar, que é sempre de noite, e como a noite é sempre no fim do dia, o jantar também é no fim do dia, ou seja, depois do almoço que foi depois do café da manhã. E se não faço desse modo, posso ser chamado de louco ou de "aparecido" (na verdade não estou nem aí se me chamarem assim), mas também posso ficar doente, porque se pular uma refeição, ou comer uma feijoada às duas da manhã, o organismo não vai reagir bem (na verdade eu estou sim bastante aí se ele desregular), porque pra todo aparelho digestivo o café da manhã é de manhã com coisas que devem ser comidas de manhã, o almoço é na hora do almoço com coisas próprias de almoço e o jantar é de noite idem ibidem ipsis literis.

E todo dia, que não custa repetir é sempre de 24 horas, eu tenho que falar "bom dia" no começo do dia e "boa noite" durante a noite, que vem depois do dia, então nunca dá pra falar "boa noite" antes de falar "bom dia", mesmo que se encontre alguém antes de o sol nascer.

E toda noite eu tenho que dormir, sempre mais ou menos o mesmo número de horas, e sempre mais ou menos na mesma hora, pra ficar acordado por um período mais ou menos igual durante o dia (que tem sempre o mesmo número de horas), porque não dá pra ficar acordado quantas horas, dias, semanas, eu quiser, nem dá pra ficar dormindo quantas horas, dias, semanas, eu quiser.

Deixa eu ir dormir. Mais ou menos na mesma hora de sempre. Só queria escrever isto aqui como forma de sair de todo esse tédio. Poderia alguém desta vez vestir em mim uma camisa de força, pra variar?
PS: não, mudança de sexo não está nos meus planos.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Boechat

Em outras ocasiões, já falei que acho política partidária um engodo, um circo - um fake, pra usar a expressão do momento. Porque a palavra "política" vem do grego e significa "em prol da cidade". O que a gente vê é que a política partidária tem esse discurso, mas sua ação tem estado muito mais no lado oposto. Não me refiro a 2019, mas a sempre.
Então, eu não sou "coxinha" nem "petralha". Em se tratando de partidarismo político, eu não sou porra nenhuma, como diria Madre Teresa de Calcutá. Quero o bem da comunidade, seja lá quem venha a fazê-lo.
Vi Ricardo Boechat ser muitas vezes chamado de "coxinha" por quem de diz "de esquerda" e de "comunista" por quem se diz "de direita" (são muitas aspas, mas é de propósito). O que me leva a crer que ele devia ser neutro, ao menos no papel de comentarista à frente de um microfone ou câmera - ser porra nenhuma, como eu. Assim, era a única figura do meio jornalístico para quem eu dava alguma atenção sobre o dia a dia desse assunto - por meio de sua página no Facebook, visto que não assisto TV faz muitos anos.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Mudo, porque não sou cego

As coisas "certas" e "erradas" são parte do movimento universal, que não controlamos. Quer a gente queira ou não, quer a gente goste ou não, elas são assim... Então procuro concentrar minha energia naquilo que posso tentar mudar: eu mesmo. E na interferência supostamente benéfica (nem sempre a gente acerta) que posso causar dentro do meu raio de alcance.

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Segundo eu mesmo, ...

Minha frase de reflexão para o dia de hoje: CADA SEGUNDO QUE PASSA NÃO É O PRIMEIRO NEM O TERCEIRO.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Encontrar-me-ei em luto

Por muitos anos, eu adorei pensar que ela acompanhar-me-ia em conversas debochadas com amigos e mostrar-se-ia presente nas horas mais hilárias de escrita. Eu pensava: "Com ela, um texto meu enriquecer-se-á."
Mas creio que logo ela não mais divertir-me-á. Tornar-me-ei mais triste. Lamentar-me-ei porque as pessoas em sua maioria sequer sentir-se-ão abaladas com sua presença: "Por que não desviar-me-ia dessa estranha?"
Eu tinha aqui comigo que ocupar-me-ia um dia de escrever estas palavras; palavras que pouco depois tornar-se-ão quase inúteis. Apenas uns poucos abraçar-se-ão comigo por esta causa. Mas prometi que não preocupar-me-ia, porque a vida sempre apresentar-se-á dinâmica.
Meus amigos: em breve, a mesóclise despedir-se-á de nossos textos.