Política é uma ideia legal. Surgida na Grécia antiga, a palavra significa mais ou menos "em prol da cidade". E parece que era mesmo, populares voluntariamente sentados nas escadarias da ágora ("local de reunião"), alguns intelectuais levantando os problemas da cidade, todo mundo votando ali, abertamente, decidindo o que fazer. Sem burocracia e sem siglas.
Mas política PARTIDÁRIA é invenção do diabo. Pra usar um termo da moda, um fake. É um jeito de colocar sujeitos que a população elege como super-heróis, que quase sempre são despreparados e cujos interesses dificilmente correspondem a nossas expectativas, em cargos que deveriam ser tratados como importantes mas não o são. Para desviar a atenção do foco que a verdadeira política tem, com ajuda da Deusa Mídia (que não é grega). Acha exagero? Então responda, você que é antipetista ou antibolsonárico ou nenhum dos dois: conhece os programas dos candidatos? Conhece alguém que conheça? Já viu nas conversas de rua alguém discutindo as eleições nesses termos? Se sua resposta a uma delas foi "sim", então você corresponde aos 0,000000001% de exceções. Eu, assumidamente, não conheço os programas. E não vejo nas ruas ou nas redes sociais quem conheça. Ou se conhece, não está falando sobre. Sucesso! Todo mundo desviado do foco.
Falei isso tudo pra contextualizar o ponto em que quero chegar, tô quase lá: não acredito mais, e faz tempo, nesse formato de política feita com partidos. (Abre parêntesis: Se tenho ideia de alternativa? Sim. Mas o objetivo deste texto não é esse. Deixemos pra um café, qualquer hora. Fecha parêntesis.) Essa descrença é transferida desde 2004 para meus votos, que têm sido sistematicamente nulos. Votos de quem entende que tanto faz pra que andar o elevador leva, porque já construíram errado o prédio. Ponto, foi isso que fiz e não se volta atrás. Neste ano, continuo não me sentindo pertencente a lado algum, mas a intuição é um pouco diferente, e aqui chego enfim aonde queria: parece que o Brasil quer limpar com merda aquela mancha de molho na camisa. Macedo ou matarde, saberemos.
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