quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Prendam a nossa cultura!

Hoje cedo, vi a reportagem da prisão daquele rapaz que matou a esposa de 19 anos a facada e deixou órfã de mãe uma criança de 1 ano, aqui em Poços.
Olhando a declaração dele, não me pareceu um assassino frio, nem drogado, nada assim. Já vou avisando: ele tem que pagar pelo que fez, sim. Sem essa de acharem que o estou defendendo.
Porém, acredito que ele também foi vítima. Mais uma dessa nossa cultura atual, com esses malditos valores distorcidos aos quais a gente se cansa de reportar.
Ele declarou que se perdeu porque ficou cansado de ver a moça na gandaia enquanto ele trabalhava pela família. Então, do que ele é vítima? É do baixíssimo preparo psicológico e intelectual que sofre a maioria das pessoas, seja na escola, cujo nível é dos piores do mundo, seja na família, instituição que anda em parafuso porque despadronizou-se. Elas sofrem da falta de personalidade julgadora, são conduzidas pelas convenções:
- Os programas que escancaram a violência, sejam eles filmes do Chuck Norris (alguém aí tem uma referência mais recente? Eu, ainda bem, não tenho). Ou programas como os do Datena.
- As nossas novelas e aquele programa cujo nome me recuso a dizer, que mostram o lado negro de uma sociedade monogâmica: a possessividade, a intolerância e a traição.
- A necessidade, mostrada na propaganda, de se ter mais do que se realmente precisa. A fantasia dos desejos.
- O desequilíbrio das recompensas. Jogadores de futebol ganhando horrores, produzindo pouco, e professores se matando pra ter um ganho razoável.
- A impunidade. Hoje, traficantes comandam seu exército de dentro da cadeia. Políticos sofrem denúncias, mas nunca são presos.

E aí eu pergunto: quantas vezes mais teria pensado esse rapaz em fazer o que fez, se nossa mídia fosse educativa, nossa propaganda ensinasse o consumo sadio, nossas escolas formassem cidadãos pensantes? Ou ainda se vivesse na Idade Média, onde a punição era forca, ou bola de ferro no pé e trabalhos forçados?

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