Cem anos atrás, quando se dizia "Vou à padaria", "Vou ao sapateiro", "Comprei o jornal" etc. etc., o artigo definido e a falta de nome próprio cabiam bem, pois só havia na cidade uma padaria, um sapateiro, um jornal. Não era necessário perguntar “A qual padaria, a Pão Quentinho ou a da Dona Amélia?”. Cada especialista detinha, em tese, 100% da demanda inerente a sua atividade. A demanda era maior que a oferta.
Veio a internet. Tudo que hoje se possa imaginar, seja como produto ou serviço à venda ou uma mera opinião a emitir sobre qualquer assunto, tem uma profusão de ofertas. Somando o concreto ao virtual, são milhares de possibilidades de compra. E no caso das opiniões, há o Facebook pra todo mundo (expressão literal, neste caso), de leigos a doutores, dizer o que pensa. A “picarataria” dos picaretas e piratas também aumentou seu espaço.
Com os 100% de cada demanda distribuídos por esses tantos que oferecem, e considerando que uns poucos têm muita competência e/ou muito poder de marketing, o que provavelmente está acontecendo é que a maioria das pessoas atrai para si uma parcela da atenção bem pequena, muito pequena, pequena mesmo. De padarias a sapateiros, de professores a encanadores, de semi-analfabetos a doutores. E a tendência, me parece, é seguir nessa toada.
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