terça-feira, 20 de março de 2012

Dicas para o empresário sobre criação de marca

Se você vai abrir uma empresa ou renovar sua marca, eis as preferências de alguém que trabalha há 25 anos no ramo (eu mesmo).

O nome
Sou a favor de nomes curtos e que minimizem ou mesmo anulem problemas de dúvidas na grafia ou ao se escutar. Sabe aquele caso do cara cujos pais não têm piedade e o batizam com algo como Jadsteírson? Certamente ele vai ouvir milhares de "O quêêêê?" ao longo da vida.
É a mesma coisa com o nome da sua empresa. Teste trocentas vezes com pessoas próximas, pense se alguém não vai perguntar se é com I ou Y, X ou CH. Nomes estrangeiros são um perigo. Você acha lindo que sua academia se chame FIRE e um dia verá escrito FAIER por alguém que não sabe inglês. Acho que é melhor se chamar Academia Firé; além de ser fácil de falar e escrever, é pouco provável que alguém tenha pensado nele antes.
Importantíssimo é ver se o nome já não está registrado como marca no INPI. Você pode ter que mudar TUDO, caso alguém que tenha marca registrada resolva pegar no seu pé.

A imagem
Ponto mais importante desta conversa. Se o que você vai ter é uma marca, então a função dela é ficar marcada na cabeça de quem vê. Como isso acontece?
1) Originalidade. Se você vai abrir um haras, colocar a imagem convencional de um cavalo junto ao nome NÃO É fazer uma marca. É apenas a trocentésima reprodução daquela imagem de cavalo, que provavelmente se parece com outras tantas. Se você quer uma imagem de cavalo, peça pra quem vai desenvolver a marca que apresente algo diferente, novo, estilizado, ousado. Porque aí ela vai ser vista e associada APENAS a sua empresa. Mas não há necessidade de que a imagem tenha uma relação direta com o seu produto ou serviço. Isto é, no caso do haras, a imagem pode ser algo "nada a ver", desde que seja visualmente agradável e, eventualmente, até tenha "mobilidade". Um exemplo: a marca da empresa de telefonia Vivo.
2) Simplicidade. É um caso parecido com o do nome da empresa: quanto menos elementos, cores e efeitos, mais rapidamente o cérebro "lê" a imagem. Evite degradês, sombras e luzes. Ao menos, na marca básica (em alguma situação pontual, vá lá, até pode-se acrescentar um efeito - mas eu particularmente prefiro sempre o mais simples). Como exemplo contrário, repare nesses brasões de família: se colocados num cartão de visitas, viram uma massaroca incompreensível, dada a quantidade de elementos.
3) Praticidade. Mais um motivo pra evitar rebuscamentos é que, se você estiver numa cidade pequena sem muitos recursos ou gente qualificada e precisar fazer um cartão ou um banner pra colocar num evento, os degradês e cores e luzes podem virar um quadro de Van Gogh - o que, pra ser exposto num museu, seria maravilhoso. Mas o seu caso será para uma feira de negócios, provavelmente.

As fontes (letras)
Atente para a leitura das letras que escolhe. Alguns tipos mais enjoados deixam as pessoas em dúvida se aquilo é um T ou um J. Escolha uma fácil de ler e pode fugir das "carnes de vaca" Arial, Times e Comic Sans (aliás, não só pode como deve). Existem milhares de fontes interessantes e pouco usadas, mas atenção para direitos autorais, pois algumas fontes não são gratuitas.
Sim, misturar maiúsculas e minúsculas tá valendo, pois uma marca não é uma obra literária. Às vezes, um A minúsculo fica bem perto de um L maiúsculo.

As cores
O pessoal das grandes agências, usuário do programa Illustrator, vai me matar. Acontece que, imaginando a mesma situação que mencionei no item 3, o que sugiro é que, por ser o programa mais usado Brasil afora, as cores de sua marca estejam naquela palheta básica do Corel Draw.

O que não fazer
Evite misturar a imagem com o nome. A leitura pode ser confusa e, em muitos casos, precisa ser rápida (como a de alguém dirigindo e vendo um outdoor da sua empresa).
É muito comum a gente ver um desenho no meio do nome substituindo uma das letras. Vejam esse caso:

Eu demoro uns segundos a mais pra ler "Rio" e, se quiser, dá pra se ler "Bio" também...
Outra coisa que não recomendo, pelo mesmo motivo, é colocar uma mesma letra pra servir em dois lugares do nome, como aqui:


Pra terminar
Sua marca deve ser preservada. Não dá pra sair distorcida, torta, com outro tipo de letra, com outras cores. Assim, em cada lugar vai estar de um jeito, e deixa de ser sua marca. É o mesmo que arrumar um jogador mediano sósia do Neymar, pra entrar em campo no lugar dele, e esperar que as pessoas acreditem que é o original.
Então, exija um manual de utilização de marca da empresa ou pessoa que for fazer o trabalho de criação. Ele deve ter, no mínimo, um quadro com as proporções de altura e largura, os nomes das fontes (letras) escolhidas e das cores utilizadas. Essas cores devem ter duas descrições: uma para impressos (escala CMYK) e outra para vídeo (escala RGB). Se quiser, mande um e-mail e explico a diferença. Quanto às fontes, além da descrição, peça os arquivos de instalação delas e grave-os em tudo que é computador que puder, num canto em que ninguém vá apagar.

Acho que é só tudo isso!
Valeu.

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