Devia estar com metade da lotação, o Via Funchal. Previsível, numa
semana de Paul McCartney. A maioria esmagadora, gente da nossa idade.
Também previsível.
15 ou 20 minutos de atraso, durante os quais foi anunciado nos telões
que Jeff Beck não permitiu que fossem usados durante o show os...
telões. Isso não foi previsível, mas também ninguém pareceu se
incomodar.
Quase nenhuma palavra ao microfone durante todo o tempo. Só uns três
"Thank you" e a apresentação da banda. Ah, sim: no bis, ele anunciou
que estava com uma Les Paul para a música How High the Moon... De voz,
durante as músicas, a da baixista Rhonda Smith e a do tecladista, este
sempre usando aquele aparelho que deixa a voz parecendo robô, o vocoder. Cada um numas três faixas.
Uma coisa que me pegou foi o repertório, mais voltado para os quatro
últimos discos (de 1998 pra cá). Os antigos foram representados por
cinco músicas, e o famoso BLOW BY BLOW foi inteiramente ignorado.
Completando o setlist, covers de "A Day in the Life", "Over the
Rainbow" e "Nessum Dorma", em arranjos do k...!
A baixista é uma morena que, além de tocar muito, tem um vozeirão a la
Tina Turner e é agitada, ao contrário da anterior, a quietinha ruiva
Tal Wilkenfeld. O veterano baterista Narada Michael Walden e o
tecladista Jason Rebello (ex-Sting) completaram a banda. Um timaço de
jazz rock, sem dúvida, e cada um deles teve seus momentos pra mostrar
competência.
A acústica do Via Funchal deve ser elogiada, pois eu saí de lá sem os
ouvidos zunindo e a cabeça latejando, apesar do volume. Em
compensação, achei que pecaram no equilíbrio do volume dos
instrumentos, pois o baixo e o teclado pareceram bem mais baixos que a
guitarra e a bateria.
E o cara? Bem, pra mim é um show que poderia ser considerado "à viva"
em vez de "ao vivo".
Porque na mão de Jeff Beck, a guitarra vive. Nada das masturbações
intermináveis de notas. Ela apenas chora, ri, trina, gorjeia, uiva,
mia, relincha... Só faltou mesmo o instrumento agradecer o mestre. Mas
isso, nós que estivemos lá fizemos.
Zé
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