terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Domador? Eu?

Imagine que você é um biólogo. Vai ao circo e, por coincidência, senta-se ao seu lado o domador. Papo vai, papo vem, você mostra a ele um bom conhecimento sobre leões - hábitos, técnicas de caça, ritual de acasalamento, em que lugar do mundo vivem.
Ele, por sua vez, vai descrevendo como é a profissão que exerce, e o quanto isso tem a ver com todo esse conhecimento que você demonstra ter. E ele vê que você está entendendo tudo, e percebe que você fica até interessado em tentar fazer, também.
A uma certa altura da conversa, ele diz: "Preciso sair, está quase chegando a minha vez de ir ao picadeiro." Vocês se despedem.
Alguns minutos depois, eis que ele surge, trazendo consigo os felinos. E anuncia: "Hoje, senhoras e senhores, uma surpresa em nosso espetáculo! Teremos um novo domador!" E em seguida, ele diz o seu nome.

Eu vivi sensação semelhante, na última semana.

Estudo Alemão, nível intermediário para avançado, numa escola/franquia de minha cidade. Por ser bom aluno nesta língua, por ter feito um teste em Inglês com bom resultado, e por ter demonstrado interesse em tentar dar aulas, fui convidado ao treinamento para isso. Não cabe a mim dizer se o treinamento é bom ou não. A empresa tem resultados, agindo como age. Mas não funcionou comigo. Achei-me pouco testado e, consequentemente, saí considerando-me pouco preparado. Leve em conta, ainda, que nunca fui professor, não tenho nenhuma formação no assunto. E que meu conhecimento de Inglês é muito bom, mas estou afastado do estudo formal da língua há anos. Foi uma surpresa quando deram pra mim, dias depois, algumas turmas. Existe uma enorme diferença entre saber algo e estar preparado para ensinar. Por fim, enxergo em mim um limite para o perfil "professor-ator" que eles exigem, pois... não sei mentir. Eu simplesmente me vi recebendo o chicote e sendo colocado dentro da jaula. O resultado não poderia ter sido outro.